“Participar do MNPEF mudou minha vida, pessoal e profissional, recordar aquele período envolve muitas emoções e contar essa história produziria um texto razoavelmente grande, por isso, tentarei sintetizar os acontecimentos ocorridos naqueles anos.
Começo descrevendo o ingresso, que foi bastante tumultuado. No período de inscrição tive de acompanhar meu irmão à Florianópolis em uma cirurgia delicada. Por isso, deixei uma procuração para minha esposa realizar a inscrição, levei um notebook para escrever o memorial e enviar por e-mail. Sem internet no hospital, tive de procurar uma lan-house. Felizmente pude voltar em tempo para a defesa do memorial, no final tudo deu certo e ingressei no mestrado. Fato fundamental para os acontecimentos futuros no campo profissional que descreverei oportunamente. Neste mesmo período, fui aprovado no concurso do IFSC como docente de Física, sendo chamado no ano seguinte.
As aulas iniciaram no primeiro semestre de 2015. O inicio foi desafiador pois, embora na época já lecionasse física para o ensino médio a quinze anos, era licenciado em química com dupla habilitação logo, tive pouca Física em minha formação. Tinha boa compreensão dos fundamentos apresentados, conseguia participar das discussões nas aulas mas, o cálculo me era quase desconhecido pois não praticava desde 2004, já que não lecionava no ensino superior. Com muita perseverança e ajuda dos colegas e professores superei as dificuldades. Ainda guardo a cópia do Callen, em inglês, pois não havia versão em português, daquela primeira disciplina de termodinâmica ministrada pelo professor Maurício Girardi que viria a ser meu orientador.
Concomitante a isso, no decorrer do primeiro semestre deste ano de 2015, fui nomeado no concurso citado acima. Como não poderia permanecer como efetivo no estado, pedi exoneração alguns dias antes da posse que acabou não acontecendo pois a instituição não aceitou o diploma, de Licenciatura em Química, alegando não estar de acordo com o edital, que pedia Licenciatura em Física. Não reconhecendo, com isso, a dupla habilitação, constante no histórico, e reconhecida pelo estado de Santa Catarina onde eu era professor efetivo a nove anos lecionando a disciplina de Física. Devido a isso, fiquei desempregado no início do segundo semestre daquele ano, período em que a bolsa do programa garantiu minha subsistência. Para garantir a posse, entrei na justiça e, após
três anos, finalmente pude tomar posse. O fato de ter sido aceito no programa fundamentou a decisão judicial que garantiu meu direito à investidura no cargo.
Para manter o vínculo com o programa, precisava estar lecionando. Por isso, no segundo semestre de 2015 e, restante do trajeto no mestrado, trabalhei com contratos temporários para o governo do estado. Com carga horária baixa, tive bastante tempo para me dedicar aos estudos e ao desenvolvimento do projeto do produto educacional que resultaria na dissertação apresentada em Setembro de 2016.
Lembro com saudade da convivência com os colegas e professores, as trocas de experiência, antes do mestrado eu era o único professor de física na escola onde trabalhava e conversar com colegas de área era raro. As reuniões para resolução das listas de exercícios, preparação para as provas e apresentações de seminários, participação em eventos que era novidade para mim. Toda essa convivência moldou, para melhor, muitos aspectos da minha vida pessoal e profissional. Os conhecimentos compartilhados por professores e colegas contribuíram para uma
melhora significativa na forma como leciono hoje. Por fim, o desenvolvimento o produto educacional mostrou-se mais difícil do que imaginei inicialmente.
O Experimento escolhido, efeito fotoelétrico, envolvia a detecção de correntes elétricas extremamente pequenas. O equipamento recusava-se a funcionar, porém o desafio me motivou ainda mais e a área de eletrônica e programação sempre me interessaram de modo que aprendi e me diverti muito no desenvolvimento. No entanto, sem o auxílio e as orientações professor Mauricio Girardi, meu orientador, não teria obtido exito no projeto. Tivemos uma parceria que, pra mim, foi muito produtiva e enriquecedora. A defesa foi tensa mas quase tudo deu certo, de novo o equipamento apresentou problemas mas, por fim funcionou após alguns ajustes.
Finalizando, só tenho a agradecer à SBF e à UFSC por terem encampado o programa no polo de Araranguá, à CAPES pelo financiamento e aos professores do polo, em especial ao meu orientador por terem acreditado em meu potencial.“